quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Odes marítimas

"... Ah, quem sabe, quem sabe, Se não parti outrora, antes de mim, Dum cais; se não deixei, navio ao sol Oblíquo da madrugada, Uma outra espécie de porto? Quem sabe se não deixei, antes de a hora, Do mundo exterior como eu o vejo Raiar-se para mim, Um grande cais cheio de pouca gente, Duma grande cidade meio-desperta, Duma enorme cidade comercial, crescida, apoplética, Tanto quanto isso pode ser fora do Espaço e do Tempo? Ah, seja como fôr, seja para onde fôr, partir! Largar por aí fora, pelas ondas, pelo perigo, pelo mar, Ir para Longe, ir para Fóra, para a Distância Abstrata, Indefinidamente, pelas noites misteriosas e fundas, Levado, como a poeira, pelos ventos, pelos vendavais! Ir, ir, ir, ir de vez! ..." Pelo Cacá, "Odes Marítimas" do Fernando Pessoa.

O que é mais importante para nós?

"Essa história que eu vou contar agora aconteceu (...) aí fiquei pensando (...) onde é que nós estamos? Onde não sei (...) a fonte da juventude se chama mudança. De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora. A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas. Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos. Mudança, o que vem a ser tal coisa? Rejuvenescer. Toda mudança cobra um alto preço emocional.Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza. Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face. Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna. Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho. Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar." Martha Medeiros

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Palavras insurgentes

“Certamente, miserável é a condição de todas as pessoas ocupadas, mas ainda mais miserável a daqueles que sobrecarregam a sua vida de cuidados que não para si, esperando, para dormir, o sono dos outros, para comer, que o outro tenha apetite, que caminham segundo o passo dos outros e que estão sob as ordens deles nas coisas que são as mais espontâneas de todas (...). se desejam saber quão breve é a sua vida, que calculem quão exígua é a parte que lhes toca” (Sêneca). “muitos possuem um grande número de clientes, mas nenhuma liberdade! (...) este advoga, aquele assiste, um é acusado, outro defende, aquele outro julga; ninguém pede nada para si, uns nos outros se consomem. Indaga sobre aqueles cujos nomes são conhecidos de todos e verás por que o são: este cuida daquele, que cuida de outro; ninguém cuida de si próprio” (Sêneca). “É inacreditável que um homem por tão dissoluto, precise saber por outro se está sentado!” (Sêneca). "Quando o último tira em nosso cérebro for assassinado pelo último desejo não satisfeito - talvez até mesmo a paisagem ao nosso redor comece a mudar (...)." (Hakim Bey). “Um sistema de perdões é um sistema de escravidão mitigada. ” (William Godwin). “O individualista é lógico resistindo àquele que o domina (...). O salário que recebe (...) ou a pensão que o Estado-patrão lhe assegura, não muda em nada sua situação.” (Émile Armand) "A delinquência e a punição são sempre incomensuráveis" (William Godwin). "A precaução é (...) como se eu sentenciasse a uma pena terrível pessoas com um olho só para evitar que qualquer homem no futuro destrua seus olhos propositadamente." (William Godwin).