quinta-feira, 9 de junho de 2011

Pesadelos

Definitivamente, sem meias palavras, ou meios sentidos, odeia pesadelos. Pesadelos doem ainda mais a sua cabeça. Lhe dão náuseas, mal estar quando acorda e fica com este o dia todo, todinho. Ansiosa fica, medrosa, e acuada. Não vê a hora de abraçar, ver e sentir que a vida vive, e depois deitar-se e dormir, esperando uma nova noite que a revigore e traga-lhe uma nova noite, de sonhos bons, e depois uma nova manhã.

Invisibilidade

Abriu a porta, ressurgiu no corredor, comprovou mais uma vez sua invisibilidade, mas agora de forma mais evidente, mas sabia da existência da câmera que de lá, tudo vê, tudo pode... fez careta, lembrou dos olhos da câmera, disfarçou... fingiu ser uma caretada o tempo todo... adentrou à porta transparente que leva ao toilette e riu da situação, de si, de tudo isso. E pensou: Ô mundinho cão.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Raspou o cabelo e foi dormir

Estava tarde, a lua crescente despontava no céu. A televisão ligada, mas sem som, houvia-se apenas o som do teclado do computador. Respiração? Não, não se ouvia, mas sentia sono. O ventilador jogado no meio da sala, mas estava frio, porém, ele também não estava ligado. Passou pela sua cabeça: vou raspar o meu cabelo e sair por aí, ficar sem eira nem beira para ver aonde é que dá. Foi ao banheiro, olhou-se no espelho, queria ver-se como num passado que não volta mais, apesar de consciente deste fato fatal, não aceita-se como é, ou melhor, como está. Pega uma tesoura própria para papel, e como quem corta pensamentos, sentimentos, dores, angústias, saudades, verdades, corta todo o seu cabelo. Despontado, incortado, descortado, sem corte, pega a maquininha e passa "zero", em alguns minutos sai careca. Careca da Silva! Sai feliz. Passa a mão incansavelmente pela cabeça nova careca, e gosta da sensação, do picotinho da careca. Questiona-se: Será que muito da dor foi junto nos fios grossos e negros que agora se espalham pelo chão do banheiro? Pouco importa porque parece que sim, e parecer nesta altura do campeonato, tá ótimo. Sensação de que sim. Raspou o cabelo, se pesou na balança (emagreceu mas, ainda não o suficiente), desliga a tv que só tem imagens do filme Zuzu Angel, que já assistiu, e sente uma dor incômoda que já é sua companhia há um bom tempo, aí se lembra que precisa fazer os exames... mais uma coisa... e pensa: que chato, crescer assim é definitivamente chato. Seu sono cresce, mas ainda necessita das suas gotinhas mágicas de Hollywood, e não quer mais saber de pensar, quer apenas dormir. Raspou a cabeça e foi dormir. Mas deu tempo de pensar ainda, como será acordar amanhã com a cabeça raspada? Perguntous-se exatamente assim: Será que eu ainda estarei lá?

Eita

Eita menina estranha essa que conheci... também é muito assim que ela é conhecida. Não entendo por quê. Não sei qual é a estranheza ou quanto as outras pessoas não são o que são genuinamente. Por isso, recomendo à menina, recomendo não porque ela não está em momentos de apenas recomendações, mando a menina ser o que é, porque é isso que faz dela ela. Eita menina estranha! O que é estranho? O que não nos parece comum? O que não estamos acostumados, habituados? Então menina, sorria, você não faz parte disso, está aberta para sua estranheza e completar sua estranheza com mais estranheza e assim se tornar mais e mais estranha. Menina, eita! Não se divida não... ser estranho é bom, e depende do olhar de quem diz de sua estranheza... e ó menina estranha, quer saber? Viva sua estranheza plenamente, escancaradamente, e desencane dos pensamentos e palavras de outrem... o outro enxerga o que vê à sua frente, não vê além, e o além é muito mais interessante. Viva-se você menina, ei! Ia não... vai, nina sem pensar nisso, use a meia que gosta, mas não a meia menina, diga ai, descubra o ouro ou a água da sua mina, não importa, descubra "in" de você, em você, e não esteja nem aí, porque ame sua menina! Eita menina estranha!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Sentimento e palavras estranhas

A pequena menina escuta palavras de um idioma que não conhece, e compara essa escuta com o que tenta lhe dizer em profundidade seu coração, sua alma, seu corpo... Hoje se olhou no espelho e pareceu se reconhecer e ao mesmo tempo não. Por que sensações antagônicas? Será que todo mundo que se olha em um espelho, se vê refletido inteiramente como é, e pensa nisso e tem plena convicção do que é? O que é, bem dizendo, dependerá da imagem e do que acha de si mesmo e do mundo à sua volta, afinal, quantas percepções diferentes no mundo, como a diversidade é infinita... Senso comum? A menina não está pensando nisso. Está refletindo na pessoa, exclusivamente se a pessoa sabe quem é, ou se acha que sabe, e se o que sabe é realmente o que é... Será que o seu corpo é visto por ela assim como os outros indivíduos a veem? Imagina muito sobre os outros... às vezes se observa e até cria "uma personlidade, uma história, uma vida" para uma pessoa, puro fruto de sua imaginação... E cada deve criar para o outro alguma coisa, porque sempre inevitavelmente dependerá de seu próprio olhar para si mesmo e sua história que permitirá determinada criação. E quantas vezes eu digo à menina, tentando ensinar-lhe algo que parece que ela já sabe, nos enganamos e tantas vezes acertamos. Mas, junto com aquela pessoa, vem muito mais, não necessariamente mais de forma a nos surpreender, mas às vezes falta, e então, aquela pessoa não é nada além daquilo mesmo... Daquilo o quê? O que até podemos tentar dar um palpite: sem sal, nada mais, só isso. Não há nada mais para saber sobre ela, nenhum interesse, nada que nos mova e nos motive. Então, ao voltar o meu pensamento sobre a menina, ela tem muita curiosidade de perceber como é, o que é, e como aparece, mas, mesmo que em muitos momentos tenha percebido sua essência, ou o que ela supõe que seja, já expliquei a ela, o que você é, é, como se percebe, é, como os outros a vêem é o que menos importa porque pessoas não gostarão de você, e outras te amarão. A menina aceita esta condição, se entristece um pouco porque gostaria de ser apreciada, amada por todos, mas peço a ela generosamente: não espere nunca por isso porque isso nunca será, e ser basta.

sábado, 12 de março de 2011

Peito aberto, peito fechado

Concomitantemente a menina experimenta as duas sensações sem saber ao certo quais das duas prevalece em seu ser. Disse à menina, que seria importante tentar identificar fazendo uma análise de si mesma. O peito fechado... falemos primeiro da sensação ruim.... é a opressão do peito, do vago simpático, do buraco negro, do medo, da angústia, do receio, da covardia, do não ser completamente o que deseja ser por puro medo, pré-conceito, falta de auto estima, falta de confiança em si mesma. Já o peito aberto, e vale a pena considerar, a conforto, que ainda tem o peito também aberto pois, do contrário estaria apenas mergulhada no lado triste da vida - vida morte melhor dizendo - , e este peito traz consigo a esperança, a vontade, a energia - mesmo que ainda fraca, mas há -, o vislumbre do que pode vir a ser mais do que é. A menina escuta, quer chorar, quer se recolher porque a vida dói. Mas eu digo a ela, a vida dói mas, a vida também... procuro um antônimo mas não encontro, então vão os substantivos, e então digo: a vida sorri, a vida goza, a vida cura, a "vita" também é vida vida. A menina escuta, olha ao seu redor e espera.