sexta-feira, 16 de julho de 2010

Permissão

No meio do acaso está o caos. Que permissão temos para seguir aqui ou ou ali, ou acolá? No meio do tumulto do meu coração, está a sensação. Já não me faltam palavras. Às vezes tenho a sensação de desapropriar-me de mim e ser outra pessoa que não sou eu. Soltar-me de mim, perder-me. Não é uma sensação boa. Risco as paredes do corpo, pinto a morte e a sorte, não a vida porque está sem cor. Apenas tem uma leve coloração de tinta guache de tons claros, nada mais. Penso que talvez seja meu limite em continuar, cansada de acreditar em qualquer coisa que até então possa ser considerada por mim como verdade. As pessoas estão também perdendo a coloração. São múmias pintadas de branco pálido para mim. Por que me falta a esperança, a fé, a crença? O que não me falta é apenas um pouco de coragem, mas não sei até quando. Cansada... preciso de animais que não tem super egos, são o que são, mesmo que bravos, ouriçados, ariscos, amorosos, ou quaisquer outros atributos, são aventureiros desta vida, sem máscaras, tipos, são a pura natureza de seus instintos e de suas verdades. Se eu tivesse certeza do que viria depois, talvez acabasse logo com esta história que invadiu a minha vida, a história que trouxe com ela minha tristeza, minha solidão, minha necessidade infindável de querer que as coisas fossem diferentes. Não tenho forças. Choro. Está tudo escurecendo de novo, e eu só queria o colorido do céu, do mar, das árvores, das estrelas, da areia, da noite silenciosa e eu sentada na beira da praia olhando o mar, em que a paz estivesse dentro de mim. Não sei se será mais me concedida tal completude. Não sei se terei mais permissão. Simone Anjerosa de Almeida Camargo