quinta-feira, 28 de abril de 2011

Raspou o cabelo e foi dormir

Estava tarde, a lua crescente despontava no céu. A televisão ligada, mas sem som, houvia-se apenas o som do teclado do computador. Respiração? Não, não se ouvia, mas sentia sono. O ventilador jogado no meio da sala, mas estava frio, porém, ele também não estava ligado. Passou pela sua cabeça: vou raspar o meu cabelo e sair por aí, ficar sem eira nem beira para ver aonde é que dá. Foi ao banheiro, olhou-se no espelho, queria ver-se como num passado que não volta mais, apesar de consciente deste fato fatal, não aceita-se como é, ou melhor, como está. Pega uma tesoura própria para papel, e como quem corta pensamentos, sentimentos, dores, angústias, saudades, verdades, corta todo o seu cabelo. Despontado, incortado, descortado, sem corte, pega a maquininha e passa "zero", em alguns minutos sai careca. Careca da Silva! Sai feliz. Passa a mão incansavelmente pela cabeça nova careca, e gosta da sensação, do picotinho da careca. Questiona-se: Será que muito da dor foi junto nos fios grossos e negros que agora se espalham pelo chão do banheiro? Pouco importa porque parece que sim, e parecer nesta altura do campeonato, tá ótimo. Sensação de que sim. Raspou o cabelo, se pesou na balança (emagreceu mas, ainda não o suficiente), desliga a tv que só tem imagens do filme Zuzu Angel, que já assistiu, e sente uma dor incômoda que já é sua companhia há um bom tempo, aí se lembra que precisa fazer os exames... mais uma coisa... e pensa: que chato, crescer assim é definitivamente chato. Seu sono cresce, mas ainda necessita das suas gotinhas mágicas de Hollywood, e não quer mais saber de pensar, quer apenas dormir. Raspou a cabeça e foi dormir. Mas deu tempo de pensar ainda, como será acordar amanhã com a cabeça raspada? Perguntous-se exatamente assim: Será que eu ainda estarei lá?

Eita

Eita menina estranha essa que conheci... também é muito assim que ela é conhecida. Não entendo por quê. Não sei qual é a estranheza ou quanto as outras pessoas não são o que são genuinamente. Por isso, recomendo à menina, recomendo não porque ela não está em momentos de apenas recomendações, mando a menina ser o que é, porque é isso que faz dela ela. Eita menina estranha! O que é estranho? O que não nos parece comum? O que não estamos acostumados, habituados? Então menina, sorria, você não faz parte disso, está aberta para sua estranheza e completar sua estranheza com mais estranheza e assim se tornar mais e mais estranha. Menina, eita! Não se divida não... ser estranho é bom, e depende do olhar de quem diz de sua estranheza... e ó menina estranha, quer saber? Viva sua estranheza plenamente, escancaradamente, e desencane dos pensamentos e palavras de outrem... o outro enxerga o que vê à sua frente, não vê além, e o além é muito mais interessante. Viva-se você menina, ei! Ia não... vai, nina sem pensar nisso, use a meia que gosta, mas não a meia menina, diga ai, descubra o ouro ou a água da sua mina, não importa, descubra "in" de você, em você, e não esteja nem aí, porque ame sua menina! Eita menina estranha!